A festa de Nossa da Penha, padroeira do Crato sempre foi menor do que as homenagens ao santo de Barbalha, mas não menos animadas. Meu pai, muito ligado à igreja, tomava conta do bar (da paróquia) durante a quermesse. Eu adorava os leilões. Ficava ‘peruando’, sem entender como aquelas pessoas gastavam tanto dinheiro para arrematar prendas tão prosaicas. Um dia, dois comerciantes importantes da cidade disputaram - centavo a centavo - uma galinha assada. Quando a contenda acabou, o leiloeiro saiu-se com essa: “Eita que galinha desse preço só quem come é Luiz Manoel e galo!”. Até a Virgem da Penha corou.
No Cariri tem ainda festa religiosa que é pouco conhecida nas demais regiões do Estado. Trata-se da “Renovação”. Luiz Gonzaga diz numa canção que a festa acontece por que ‘o santo se vence’. É assim: quando o sujeito se muda para a casa nova, após o casamento, entroniza o Coração de Jesus geralmente numa parede da sala. A partir daí, sempre naquela data, a cada ano, é feita uma celebração na qual se renovam os votos de fé. Após a reza, é servido jantar. Os homens geralmente ficam pelos terreiros, bebericando e falando alto.
As pessoas de posses fazem festas de renovação concorridas. Alguns matam um boi cevado, carneiros, galinhas... Os menos aquinhoados têm festa modesta e mais pura. Recentemente fiquei sabendo que o bispo do Crato, o italiano Dom Fernando Panico, que foi morar perto da casa de meus pais, abandonando o imponente Palácio Episcopal, faz Renovação todos os anos. Pois não é que até o santo do bispo se vence!
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