Alguma memória

Aqui vão alguns registros de memória do sertão que há dentro de mim.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Casa Grande

Orgulho. Não tem outra palavra para definir o que encontrei em Nova Olinda ao visitar, há cerca de 10 anos, a Fundação Casa Grande. A entidade ainda não existia quando arribei do Cariri, faz cerca de duas décadas e meia. Conheci o trabalho de Rosiane e Alemberg primeiro através dos jornais, mas de perto é muito mais bacana.

Crianças que antes estavam condenadas a reproduzir a desigualdade de que são vítimas, passaram, na Casa Grande, a protagonistas das suas histórias. A banda "Os Cabinha" tocando Pink Floyd trouxe lágrimas aos meus olhos.

Equidade. Foi esse o paradigma quebrado na Casa Grande. Enquanto o filho do brasileiro pobre, preto e analfabeto não tiver condições pelo menos comparáveis às do filho do branco classe média (de estudo, acesso a bens culturais e saúde, principalmente), a faxina que a dona Dilma pretende fazer será apenas bolha de sabão.

Casa Grande rompe essa lógica: filho de vaqueiro pode ser sociólogo, músico, escritor, jornalista... vaqueiro também.

Nova Olina abriga ainda hoje muitos dos meus familiares. A minha avó, Maria Silvestre, nasceu ali, no Sítio Grossos. Lá também viveu tia Rosa que morreu de velha e tinha olhos de pavão (pelejaram para arranjar uma doença pra ela, mas não conseguiram).

Maria e Rosa conheceram outro tempo, ainda mais distante da equidade ainda tão ansiada nos dias de hoje. Tempo de casas grandes, mas também de senzalas.

Na foto acima, estamos na porta da Casa Grande eu, Verônica e João, nosso filho mais velho. Muita recordação e, repito, orgulho.

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