Hoje encontrei uma foto feita por mim no meio da feira, em Juazeiro do Norte, e que me traz muitas recordações. Fui criança entre as bagaceiras de dois engenhos: o que pertencia a Antuérpio de Melo e o de propriedade de Aderson Tavares Bezerra. Duas famílias de forte tradição naquele quase agro-feudalismo.
Cambiteiros, garapas, alfinim, rapadura, olhos-de-cana e tantas outras coisas fizeram parte desse tempo. E nunca mais me deixariam. Hoje, os dois engenhos são fogo-morto. Mas, basta fechar os olhos que os odores e os sabores do tempo de eu menino invadem os meus pulmões cansados e me levam água à boca aflita.
Nos anos 1970, instalou-se em Barbalha – a “Terra dos Canaviais” – uma usina de açúcar. Fortemente apoiada em subsídios da Sudene, o empreendimento prometia ser a redenção para o setor em todo o Cariri. Finalmente, passaríamos da produção que remontava à Colônia para a agroindústria moderna.
Donos de engenho caíram no canto da sereia e, paulatinamente, foram deixando a produção de rapadura para vender a cana-de-acúcar para a usina. Milhares de braços desempregados. Da semi-servidão ao desemprego. À emigração. Ao abandono.
Então um dia o Milagre Econômico acabou. A usina fechou. Os engenhos não abriram mais.
Hoje, há poucos engenhos em atividade. E muitas almas em ruínas.
FANTÁSTICO!Parabéns, cronista!
ResponderExcluirSenti o alfinim derretendo na boa e o cheiro da garapa. Saudes da infância
ResponderExcluirBelo e doloroso o seu fogo morto. Também sofro com essa ferida. Ronaldo Correia de Brito
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